Colocação pronominal



Os pronomes átonos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, lhes, os, as) podem assumir três posições diferentes numa oração: antes do verbo, depois do verbo e no interior do verbo. Essas três colocações chamam-se, respectivamente: próclise, ênclise e mesóclise. Veja nas tabelas abaixo quando se usa cada caso.

PRÓCLISE
Nas orações que contenham uma palavra ou expressão de valor negativo.
Ninguém o apoia.
Nunca se esqueça de mim.
Não me fale sobre este assunto.
Nas orações em que haja advérbios (aqui, ali, cá, lá, muito, bem, mal, sempre, somente, depois, após, já, ainda, antes, agora, talvez, acaso, porventura)  e pronomes indefinidos (algum, alguém, diversos, muito, pouco, vários, tudo, outrem, algo), sem que exista pausa.

Caso haja pausa depois do advérbio, emprega-se ênclise (Aqui, vive-se.).
Aqui se vive. (advérbio)
Tudo me incomoda nesse lugar. (pronome indefinido)
Nas orações iniciadas por pronomes e advérbios interrogativos.
Quem te convidou para sair? (pronome interrogativo)
Por que a maltrataram? (advérbio interrogativo)
Nas orações iniciadas por palavras exclamativas e nas optativas (que exprimem desejo).
Como te admiro! (oração exclamativa)
Deus o ilumine! (oração optativa)
Nos verbos precedidos de conjunções subordinativas (porque, embora, conforme, se, como, quando, conquanto, caso, quanto, segundo, consoante, enquanto, quanto mais... mais).
Ela não quis a blusa, embora lhe servisse.
É necessário que o traga de volta.
Comprarei o relógio se me for útil.
Com gerúndio precedido de preposição “em”.
Em se tratando de negócios, você precisa falar com o gerente.
Em se pensando em descanso, pensa-se em férias.
Com a palavra “” (no sentido de “apenas”, “somente”) e com as conjunções coordenativas alternativas.
se lembram de estudar na véspera das provas.
Ou se diverte, ou fica em casa.
Nas orações introduzidas por pronomes relativos.
Foi aquele colega quem me ensinou a matéria.
Há pessoas que nos tratam com carinho.
Aqui é o lugar onde te conheci.
  
ÊNCLISE
Nos períodos iniciados por verbos (desde que não estejam no tempo futuro), pois, na língua culta, não se abre frase com pronome oblíquo.
Diga-me apenas a verdade.
Importava-se com o sucesso do projeto.
Nas orações reduzidas de infinitivo.
Convém confiar-lhe esta responsabilidade.
Espero contar-lhe isto hoje à noite.
Nas orações reduzidas de gerúndio (desde que não venham precedidas de preposição “em”).
A mãe adotiva ajudou a criança, dando-lhe carinho e proteção.
O menino gritou, assustando-se com o ruído que ouvira.
Nas orações imperativas afirmativas.
A posição normal do pronome é a ênclise. Para que ocorra a próclise ou a mesóclise é necessário haver justificativas.
Fale com seu irmão e avise-o do compromisso.
Professor, ajude-me neste exercício.
A tendência para a próclise na língua falada atual é predominante, mas iniciar frases com pronomes átonos não é lícito numa conversação formal.
Linguagem Informal: Me alcança a caneta.
Linguagem Formal: Alcança-me a caneta.
Se o verbo não estiver no início da frase, nem conjugado nos tempos Futuro do Presente ou Futuro do Pretérito, é possível usar tanto a próclise como a ênclise.
Eu me machuquei no jogo.
Eu machuquei-me no jogo.
As crianças se esforçam para acordar cedo.
As crianças esforçam-se para acordar cedo.
  
MESÓCLISE
Emprega-se a mesóclise quando o verbo estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito do indicativo, desde que não se justifique a próclise. O pronome fica intercalado ao verbo.
Falar-lhe-ei a teu respeito. (Falarei + lhe)
Procurar-me-iam caso precisassem de ajuda. (Procurariam + me)
Havendo um dos casos que justifique a próclise, desfaz-se a mesóclise.
Tudo lhe emprestarei, pois confio em seus cuidados. (O pronome “tudo” exige o uso de próclise.)
Com os tempos verbais futuro do presente e futuro do pretérito jamais ocorre a ênclise.
A mesóclise é colocação exclusiva da língua culta e da modalidade literária.